A violência psicológica é uma realidade dolorosa e muitas vezes silenciosa. Suas vítimas podem ser de qualquer idade, gênero e classe social, sem distinção. Este fenômeno não faz concessões, permeando diversos aspectos de nossas vidas: em casa, no trabalho e até mesmo nas relações de amizade.
No entanto, neste artigo, gostaria de destacar a violência psicológica que afeta particularmente as mulheres no ambiente doméstico. Apesar de vivermos em uma sociedade moderna, essa forma de abuso ainda é um tabu. Escondida nas sombras, ela é invisível aos olhos e não deixa marcas físicas óbvias. Isso torna ainda mais difícil denunciá-la, uma vez que as vítimas muitas vezes são rotuladas como frágeis ou acusadas de provocar o abuso.
O que é a violência psicológica?
“A violência doméstica representa toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família” (SALIBA, 2007).
O abuso psicológico é real, embora não deixe marcas visíveis. Seus efeitos são profundos, às vezes até mais graves do que os ferimentos físicos. O abuso psicológico persiste e se aprofunda com o tempo.
A ativista Aisha Mirza expressou de forma poderosa: “Não são os ferimentos no corpo que mais doem. São as cicatrizes no coração e as feridas na mente.”
A face da violência psicológica
A violência psicológica abrange uma série de comportamentos, incluindo humilhação, insultos, violência verbal, o silêncio opressor e o tratamento cruel. Mesmo com a experiência de vida que as mulheres maduras têm, ninguém está imune a essa forma de abuso.
Quem é o agressor?
O agressor na violência psicológica não se encaixa no estereótipo clássico de vilão, maníaco ou pessoa insana. Muitas vezes, é alguém que aparenta ser comum e até gentil. No entanto, quando o relacionamento parece estável, essa máscara cai, e a pessoa se transforma em alguém totalmente diferente.
A sutil natureza da violência psicológica
Essa forma de violência é particularmente perigosa devido à sua natureza sutil. Ela não deixa marcas visíveis, mas começa com pequenas críticas, comentários depreciativos e um comportamento controlador que mina a autoestima da vítima gradualmente.
Por que a vítima não percebe a gravidade da situação?
Muitas vezes, a vítima não reconhece a gravidade do abuso nos estágios iniciais. Ela pode considerar os primeiros comportamentos ofensivos como incidentes isolados, justificando o agressor devido ao cansaço ou ao estresse.
A ligação emocional com o agressor
A vítima de violência psicológica geralmente mantém uma conexão emocional com o agressor, admirando e respeitando a pessoa por trás do comportamento abusivo. O agressor explora essa fraqueza, fingindo amor para continuar o ciclo de abuso.
Por que é tão difícil se livrar da violência psicológica?
Escapar da violência psicológica é desafiador. Muitas vítimas se sentem responsáveis pelo fracasso do relacionamento devido à manipulação do agressor. Também pode haver obstáculos financeiros, preocupações com os filhos e a esperança de que o agressor mude.
Consequências físicas da violência psicológica
A violência psicológica tem impactos físicos reais, e o corpo e a mente estão intrinsecamente conectados. O estresse pode causar sintomas físicos, como dores de cabeça, distúrbios cardíacos, distúrbios de pele, dores nas articulações e distúrbios gastrointestinais, entre outros.
Como se proteger da violência psicológica durante a maturidade
Proteger-se da violência psicológica durante a maturidade é essencial para preservar sua saúde mental e emocional. Uma das estratégias mais eficazes é o estabelecimento de limites claros em seus relacionamentos.
Saiba identificar comportamentos tóxicos e não tenha medo de expressar o que é aceitável e o que não é em sua vida. A comunicação assertiva desempenha um papel fundamental. Converse abertamente com seu parceiro, familiares e amigos sobre seus sentimentos e expectativas, criando um espaço onde todos se sintam ouvidos e respeitados.
Além disso, confiar em seus instintos é crucial. Se algo não parece certo em um relacionamento ou se você se sente diminuída emocionalmente, considere buscar ajuda de um profissional de saúde mental ou de uma organização de apoio. Nunca subestime o poder de sua intuição e a importância de manter relacionamentos saudáveis e respeitosos em todas as fases da vida.
A importância da autoestima na resistência à violência psicológica
A autoestima desempenha um papel fundamental na resistência à violência psicológica, especialmente durante a menopausa, quando as mudanças hormonais e emocionais podem tornar as mulheres mais vulneráveis a abusos.
Ter uma autoestima sólida e autoconfiança é como uma armadura que ajuda a proteger contra o impacto devastador da violência psicológica. Uma autoestima saudável permite que você reconheça seu próprio valor, estabeleça limites e se recuse a aceitar tratamentos abusivos.
Durante a maturidade, pode ser útil dedicar tempo para cuidar de si mesma, praticar o autocuidado e encontrar atividades que a façam sentir-se bem consigo mesma.
Além disso, buscar o apoio de amigos e profissionais de saúde mental pode ser uma ferramenta valiosa para fortalecer sua autoestima e sua capacidade de resistir à violência psicológica.
Lembre-se de que você é digna de respeito, amor e cuidado, e sua autoestima é a chave para manter relacionamentos saudáveis e empoderadores durante a maturidade.
Alguns contatos úteis
Se você ou alguém que você conhece enfrenta violência psicológica, aqui estão alguns contatos úteis para buscar ajuda:
Alguns Contatos Úteis:
São Paulo Brazil
- Centros das Mulheres: Rua 25 de Março – Centro. Phone: (11) 3106-1100
- Brasilândia: Rua Silvio Bueno Peruche, 538 – Brasilândia. Phone: (11) 3983-4294 / 3984-9816.
- https://www.mapadoacolhimento.org/
Reino Unido, UK
- Telefone para emergência: 999
- https://www.gov.uk/guidance/domestic-abuse-how-to-get-help#domestic-abuse-in-a-relationship-recognise-it
- https://www.gov.uk/guidance/domestic-abuse-how-to-get-help#domestic-abuse-in-a-relationship-recognise-it
- Scotland’s domestic abuse and forced marriage helpline
0800 027 1234- sdafmh.org.uk - Scottish women’s aid, 0131 226 6606, www.scottishwomensaid.org.uk
- Women’s aid federation (northern Ireland) 0800 917 1414, www.womensaidni.org
Italia
- I Centri antiviolenza di d.i.re, seguindo este link, localizando números de telefone da sua cidade: https://www.direcontrolaviolenza.it/d-i-re-tutti-i-numeri-telefonici-dei-centri-antiviolenza/
- A Associação oferece abrigo e assistência às vítimas: https://www.cadmi.org/
Portugal
- APAVI Victim Support https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/
Lembre-se, você não está sozinha, e ajuda está disponível para aqueles que precisam dela. O primeiro passo é buscar apoio e compartilhar sua história com alguém de confiança.
Referências
JusBrasil. “Lei Maria Da Penha.” Lei Federal n.º 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06, Acesso em: 10 de maio de 2020.
- Help Guide “Domestic Violence and Abuse, ”written by Melinda Smith, M.A. and Jeanne Segal, available at https://www.citizensadvice.org.uk/family/gender-violence/domestic-violence-and-abuse/ (Acesso em: 10 de maio de 2020).
- NHS, Disponível em: https://www.nhs.uk/live-well/healthy-body/getting-help-for-domestic-violence/, (Acesso em: 10 de maio de 2020).
- “Relazioni perverse. La violenza psicologica nella coppia” , Sandra Filippini, 2019, Italy, Franco Angeli.